Sobre a orientação abro e suas possibilidades de uso
A orientação abro refere-se à experiência de atração ou percepção da própria atração como algo fluido, ou seja, em constante mudança. Esse conceito não se confunde com fluxidez, que diz respeito a mudanças na intensidade da atração; embora, na prática, uma pessoa abro possa experienciar variações de intensidade ao fluir para uma orientação que envolva tal característica.
Importante destacar que a orientação abro não pertence exclusivamente ao espectro assexual/arromântico, como tem sido incorretamente disseminado. Há dois motivos para isso: primeiro, uma pessoa abro pode transitar entre orientações de diferentes espectros e termos guarda-chuva, como bi, pan, poli e omni, que pertencem ao guarda-chuva multi; gay, lésbica, xin-/xee, entre outras, no guarda-chuva mono; e, eventualmente, para alguma orientação do espectro a-. Em outras palavras, abro é uma experiência de fluidez que não se limita a um único espectro.
Além disso, vincular a orientação abro necessariamente ao espectro assexual/arromântico desconsidera a existência de termos específicos para descrever a variação entre sentir ou não atração, como é o caso de orientações fluxas (ou a-fluxo). Essa última é utilizada por quem varia entre momentos de atração e ausência de atração, podendo também flutuar entre experiências do espectro A, como grey, acefluide, fray ou demi.
Segundo definições presentes em sites assexuais lusófonos, nada indica que a orientação abro é intrínseca ao espectro assexual. Ao contrário, a explicação sugere que uma pessoa abro pode transitar para uma orientação no espectro assexual, mas essa é apenas uma das possibilidades. Portanto, é incorreto afirmar que a orientação abro seja parte do espectro assexual ou sinônimo dele. Além disso, a tradução de algumas definições encontradas em sites assexuais lusófonos parece inadequada, contribuindo para confusões sobre o conceito.